24 de outubro de 2010

O Poeta pede ao seu amor que lhe escreva...


Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.

O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.

Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.

Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.


Federico García Lorca

tradução: William Agel de Melo

2 comentários:

Simone Bichara disse...

Que lindo!!! =)

Raquel Mendonça disse...

É lindo mesmo.
Gosto muito das poesias do Lorca.
Bjos e Obrigada pela visita!