15 de outubro de 2010

Insônia


A boca escancarada da noite
os urros do silêncio
as teclas mudas

Não tilintam os cristais
não estilhaçam a vidraça
os amantes não sussurram
não há sinos de igreja
o mundo acabou
o relógio dorme
o tempo não passa

Onde estão os latidos
os galos os gritos
os olhos do sol?

Na cama imensa
o corpo exausto
o vazio da tua ausência
e os mil anos dessa noite
que me engole
que me vomita.


Líria Porto

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