Pelo sertão não se tem como
não se viver sempre enlutado;
lá o luto não é de vestir,
é de nascer com, luto nato.
Sobe de dentro, tinge a pele
de um fosco fulo: é quase raça;
luto levado toda a vida
e que a vida empoeira e desgasta.
E mesmo o urubu que ali exerce,
negro tão puro noutras praças,
quando no sertão usa a batina
negra-fouveiro, pardavasca.
João Cabral de Melo Neto
2 comentários:
O que me impressiona é mesmo a composição que fazes entre texto e imagem, com simplicidade e elegãncia. A palavra mesmo é com classe. Um blogue clássico!
Parabéns!
Cuidarei de vir aqui, beber mais desta fonte tão fecunda!
Abraço fraterno.
Obrigada Eurico.
As portas estarão sempre abertas.
Grande abraço
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