4 de janeiro de 2009

Como a noite descesse...


Como a noite descesse e eu me sentisse só, só e
desesperado diante dos horizontes
que se fechavam,
gritei alto, bem alto: ó doce e incorruptível
Aurora! e vi logo que só as estrelas
é que me entenderiam.
Era preciso esperar que o próprio passado
desaparecesse,
ou então voltar à infância.
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao coração trêmulo:
— É por aqui!

Onde, entretanto, quem me dissesse
ao espírito cego:
— Renasceste: liberta-te!

Se eu estava só, só e desesperado,
por que gritar tão alto?
Por que não dizer baixinho, como quem reza:
— Ó doce e incorruptível Aurora...
se só as estrelas é que me entenderiam? 


Emílio Moura

Um comentário:

Márcio Almeida Júnior disse...

Raquel, parabéns pela escolha desta também. É sublime. Você tem um finíssimo gosto.