20 de junho de 2010

Um Bonde Chamado Destempo


A encosta de capins invisíveis
desvela os desvarios dos meus antes.

A morte já não é futuro,
minha aldeia noutra aldeia se desvela,
eu me desvelo, pouca e escura.

Tornei-me antiga como antigo
é todo esgar desse rio esgotado
e dessas casas tornadas demasiado sérias.

Tornei-me ida,
meu tempo se desvela escorrido
no rosto dos parceiros de infância.

Tornei-me santa,
o deus imenso agora se desvela
na minha porção de amor,
porque o amei humanamente
e jamais neguei meu corpo a esta adoração.

Minha outra aldeia fica.
Sou eu a passagem.


Carmem Vasconselos

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